Blog do Edy

Crônicas de Edirley Perini

19 junho 2006

Cerca de 4 horas depois de criar esse blog eu me perguntava porque fiz isso? Nunca gostei muito de escrever e o pouco que eu escrevia, jamais deixava alguém ler. Agora, sem saber bem o por quê, senti vontade de escrever e assim vou fazer ate que minha inspiração “Arnaldo Jaboristica” passe, ou, no pior dos casos, me torne mais um escritor de crônicas no Jornal da Globo.

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Estava eu em uma sexta-feira, sem fazer nada, quando resolvi ver TV. Penso como uma coisa que nunca muda, consegue prender a nossa atenção. Os telejornais têm sempre as mesmas notícias; “Homem bomba explode e mata onze”; “CPI do Chapeuzinho Vermelho diz que lobo é inocente”; “Favelas vão crescer e ate 2020, um entre quarto brasileiros irá morar na favela...”; “ONG internacional diz que devemos investir mais em educação e preservar o verde”. Já ouvimos coisas parecidas a décadas. Nada muda.
Cada dia que passa tudo fica ainda mais igual. Ate os programas são copiados, incrementados ou polidos e logo estarão no ar em uma outra emissora. Os chamados “Shows da vida real” estão mais pra Show de horror, humilhação e apelação. O homem vai a uma emissora e perante milhares de espectadores, diz que a mulher o está traindo com o vizinho, a mulher por sua vez diz que faz isso porque o homem ronca ou tem chulé. E os DNA`s? Dezenas e dezenas deles. A confirmação da paternidade, que antes era celebrada com alegria, agora tem ate “jingle”, o apresentador abre o envelope e a musiquinha irritante começa: “Parabéns pro papai, parabéns pro papai...” A mulher fica feliz porque vai receber a tão sonhada pensão e o mais novo papai fica preocupado com medo de ir parar na cadeia se não pagar a tal pensão, alias isso é a única coisa que realmente da cadeia no Brasil, mas isso é outro assunto.
Também me assusta os apresentadores dos programas de auditório. A anos são os mesmo e os que mudam só fazem piorar o nível dos programas. Eles apelam com vozes melosas e os olhos esticados pelas inúmeras plásticas, ficam cheios de água. Como pastores de “igrejas televisivas” eles apelam pra emoção dos espectadores que, por causa da vida miserável que levam, se comovem e choram juntos com os “apresentadores atores”. Ainda tem os que não pararam de falar, talvez seja por isso que eles precisem de um domingo inteiro na TV. “O loco meu”, fico pensando como seriam tristes os nossos domingos sem aquelas piadas do “genro no sofá”, do “ganso que não bica mais”, como são engraçadas...Como as gerações anteriores viviam sem essa cultura tão útil? Vivo a me perguntar.
Temos também as novelas. Ai as novelas...Sempre o mesmo enredo, só muda o país onde se passam os 20 primeiros capítulos e depois disso são tudo a mesma coisa. O mocinho ama a mocinha, mas tem uma vilã que ama o mocinho – ou tem inveja da mocinha – e que vai fazer de tudo pra atrapalhar o romance. No final a vilã se ferra e os mocinhos vivem felizes pra sempre e todos os casais do enredo terminam grávidos ou cheios de filhos. Cada vez mais as “tramas” são previsíveis e mesmo assim as vezes os autores e diretores conseguem se complicar.
A TV a muito tempo deixou de ser uma fabrica de sonhos pra ser uma fábrica de dinheiro. Atores que precisam ganhar a vida fazem propaganda de adesivos para dentaduras, energéticos, remédios contra a impotência, remédios que fazem o seu intestino funcionar como um reloginho etc. Esse último pra mim é o mais irritante. Mulheres lindas dizem que ate a pele delas está mais bonita depois de usar o tal remedinho. A única coisa que me passa na cabeça nessa hora é aquela mulher bonita, trancada em um toalete, com uma tremenda desinteria. E o famoso jargão é repetido em todo sempre: “Esse eu assino em baixo”. Ate cantores sertanejos estão fazendo propaganda de sabão em pó. É incrível como ate o nível das propagandas tem caído dia após dia.
Bem, acho que vou parar por aqui para não me alongar muito, afinal agora vai começar a ultima parte da novela e é lógico que não vou perder.