Blog do Edy

Crônicas de Edirley Perini

28 junho 2006

Ontem após alguns problemas, comecei a refletir sobre uma frase que li em um livro de Paulo Coelho que diz assim: “A gente sempre destrói aquilo que mais ama...” Na verdade essa frase faz parte da obra “Balada do Cárcere de Reading” de Oscar Wilde. Abaixo transcrevo parte do texto:

A gente sempre destrói aquilo que mais ama
Em campo aberto, ou numa emboscada
Alguns com a leveza do carinho
Outros com a dureza da palavra
Os covardes destroem com um beijo
Os valentes destroem com a espada.


Depois de refletir, percebi que esse texto fazia um enorme sentido. Sempre destruímos aquilo que mais amamos. Difícil é entender porque isso acontece. Talvez por querer muito, por gostar de mais, façamos de tudo pra conseguir a coisa amada. Esse desejo intenso nós faz perder a razão, a noção do que é certo ou errado.
Quando a coisa amada é uma pessoa, a situação se complica ainda mais. O querer proteger, passa a ser excesso se cuidados. Você se esquece que se trata de uma pessoa que tem vida própria. Não é como um pássaro que você pode prender para apreciar seu canto, ou pranto. Como é uma pessoa consciente, ela vai reclamar, vai se sentir presa, sufocada. É sempre destruímos aquilo que mais amamos. O amor nós faz querer a pessoa amada a todo tempo, a todo o custo. Os excessos de cuidado e de vontade viram ciúme. É preciso a todo tempo saber por onde anda, o que faz, com quem conversa. O medo de perder a pessoa amada é enorme e com isso matamos a quem amamos...
O que nos resta fazer afinal? Desistir do que amamos e deixá-lo viver livre seria uma solução. Assim protegeríamos a coisa amada da nossa estupidez. Outra solução e ter o que não amamos, mas a vida não teria sentido se não pudéssemos ter aquilo que amamos. Acho mais sensato aprender a apreciar a beleza e a felicidade das coisas em seu natural. Porque afinal, foi toda essa beleza que nos fez desejar e querer tanto. A sua alegria e liberdade que nós fez sorrir e ver que certa coisa era boa e apreciável.
Espero que um dia possamos aprender a lidar com o amor e com a vontade enorme de querer bem. Que possamos afinal em vez de matar aquilo que amamos, fazer bem, dar vida e alegria a coisa desejada, que possamos deixar livres as coisas que amamos para que assim elas voltem para nos fazer bem.

20 junho 2006

Ontem enquanto conversava com minha noiva, me veio a idéia de escrever sobre o amor. Como o amor é lindo!
Engraçado como o tal amor nos faz bem. Nos sentimos mais jovens, mais felizes, tranqüilos, saudáveis e temos sensação de termos borboletas no estomago. Isso se deve a uma grande dose de hormônios, endorfinas, anfetaminas e adrenalina. Tudo não passa de uma reação química no nosso organismo.
O que me deixa mais intrigado é como que o amor acontece. Podemos nos apaixonar perdidamente por uma pessoa que nunca vimos. Podemos ver uma pessoa todos os dias e nunca nota-la até que um dia você percebe que está apaixonado por ela. Aí começam os beijos, abraços, juras de amor. Um não consegue viver sem o outro. Ficam grudados o máximo de tempo que podem. As línguas se enrolam em contorcionismos frenéticos de fazer inveja até aos profissionais do circo de Solei. Ficam melosos e dengosos.
A próxima fase é o casamento. Descobrem que estão loucos um pelo outro e querem viver juntos pra sempre. A cerimônia é um luxo. Se gasta uma pequena fortuna na festa. Aí vem a tão sonhada lua de mel. Vão pra um lugar lindo, muito verde, uma paisagem de se fazer apaixonar e o essencial, muita privacidade.
Agora é hora de começar a viverem juntos. Mesmo teto, mesma cama. Viram especialistas em sexo doméstico. É na sala, no quarto, na cozinha, no banheiro. Tudo anda as mil maravilhas.
Os anos passam. O marido que antes de casar quase não via a pretendente despida, agora tem que se acostumar a vê-la passear pela casa com aquela calcinha já surrada, branca de bolinhas vermelhas. A coitada já está com o elástico relaxado e com as costuras se desfazendo, mas a mulher diz que é confortável. Pior quando o marido encontra a tal calcinha pendurada no registro do chuveiro, é uma coisa realmente broxante.
A esposa também começa a ver o marido com outros olhos. Antes o prometido segurava os sons estranhos provenientes de seu corpo, agora tudo mudou. Os sons chegam a tremer os cristais na mesa. Ela descobre que ele ronca, tem chulé e deixa a toalha molhada em cima da cama. Isso sem falar na polemica da tampa da privada.
O casamento começa a ficar monótono. As diferenças surgem. O marido não come salada. A mulher não faz salada porque vai ter que comer sozinha e reclama por isso. O homem elogia a comida da mamãe e diz que sente saudades. Pronto, agora o campo está minado. Qualquer diferença será tratada como falha de personalidade. O casamento começa a se desfazer.
A melhor saída é procurar uma terapia de casais. Essa é a ultima carta na manga.
A mulher desabafa:

- Ele não liga mais pra mim. Só me procura pra fazer sexo. Ela ronca a noite inteira e não me deixa dormir. Não me elogia mais. Não me dá mais carinho como antes...

O Homem por sua vez diz:

- Estou cansado de ser o culpado. Você diz que não a procuro. Mais quando faço você está sempre com dor de cabeça ou indisposta. E te elogio sim, hoje mesmo disse que seu feijão estava igual ao da mamãe...

O terapeuta pra tentar salvar o casamento dos seus pacientes, dá um monte de conselhos. Acaba se alongando muito. Os pacientes voltam felizes pra casa e dispostos a continuar juntos. Mais coitado do Doutor... Esqueceu mais uma vez o seu aniversário de casamento por causa dos pacientes. Chega em casa tarde e sua mulher que já está insatisfeita a algum tempo, resolve pedir o divórcio. Já dizia o velho ditado: “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.”

19 junho 2006

Cerca de 4 horas depois de criar esse blog eu me perguntava porque fiz isso? Nunca gostei muito de escrever e o pouco que eu escrevia, jamais deixava alguém ler. Agora, sem saber bem o por quê, senti vontade de escrever e assim vou fazer ate que minha inspiração “Arnaldo Jaboristica” passe, ou, no pior dos casos, me torne mais um escritor de crônicas no Jornal da Globo.

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Estava eu em uma sexta-feira, sem fazer nada, quando resolvi ver TV. Penso como uma coisa que nunca muda, consegue prender a nossa atenção. Os telejornais têm sempre as mesmas notícias; “Homem bomba explode e mata onze”; “CPI do Chapeuzinho Vermelho diz que lobo é inocente”; “Favelas vão crescer e ate 2020, um entre quarto brasileiros irá morar na favela...”; “ONG internacional diz que devemos investir mais em educação e preservar o verde”. Já ouvimos coisas parecidas a décadas. Nada muda.
Cada dia que passa tudo fica ainda mais igual. Ate os programas são copiados, incrementados ou polidos e logo estarão no ar em uma outra emissora. Os chamados “Shows da vida real” estão mais pra Show de horror, humilhação e apelação. O homem vai a uma emissora e perante milhares de espectadores, diz que a mulher o está traindo com o vizinho, a mulher por sua vez diz que faz isso porque o homem ronca ou tem chulé. E os DNA`s? Dezenas e dezenas deles. A confirmação da paternidade, que antes era celebrada com alegria, agora tem ate “jingle”, o apresentador abre o envelope e a musiquinha irritante começa: “Parabéns pro papai, parabéns pro papai...” A mulher fica feliz porque vai receber a tão sonhada pensão e o mais novo papai fica preocupado com medo de ir parar na cadeia se não pagar a tal pensão, alias isso é a única coisa que realmente da cadeia no Brasil, mas isso é outro assunto.
Também me assusta os apresentadores dos programas de auditório. A anos são os mesmo e os que mudam só fazem piorar o nível dos programas. Eles apelam com vozes melosas e os olhos esticados pelas inúmeras plásticas, ficam cheios de água. Como pastores de “igrejas televisivas” eles apelam pra emoção dos espectadores que, por causa da vida miserável que levam, se comovem e choram juntos com os “apresentadores atores”. Ainda tem os que não pararam de falar, talvez seja por isso que eles precisem de um domingo inteiro na TV. “O loco meu”, fico pensando como seriam tristes os nossos domingos sem aquelas piadas do “genro no sofá”, do “ganso que não bica mais”, como são engraçadas...Como as gerações anteriores viviam sem essa cultura tão útil? Vivo a me perguntar.
Temos também as novelas. Ai as novelas...Sempre o mesmo enredo, só muda o país onde se passam os 20 primeiros capítulos e depois disso são tudo a mesma coisa. O mocinho ama a mocinha, mas tem uma vilã que ama o mocinho – ou tem inveja da mocinha – e que vai fazer de tudo pra atrapalhar o romance. No final a vilã se ferra e os mocinhos vivem felizes pra sempre e todos os casais do enredo terminam grávidos ou cheios de filhos. Cada vez mais as “tramas” são previsíveis e mesmo assim as vezes os autores e diretores conseguem se complicar.
A TV a muito tempo deixou de ser uma fabrica de sonhos pra ser uma fábrica de dinheiro. Atores que precisam ganhar a vida fazem propaganda de adesivos para dentaduras, energéticos, remédios contra a impotência, remédios que fazem o seu intestino funcionar como um reloginho etc. Esse último pra mim é o mais irritante. Mulheres lindas dizem que ate a pele delas está mais bonita depois de usar o tal remedinho. A única coisa que me passa na cabeça nessa hora é aquela mulher bonita, trancada em um toalete, com uma tremenda desinteria. E o famoso jargão é repetido em todo sempre: “Esse eu assino em baixo”. Ate cantores sertanejos estão fazendo propaganda de sabão em pó. É incrível como ate o nível das propagandas tem caído dia após dia.
Bem, acho que vou parar por aqui para não me alongar muito, afinal agora vai começar a ultima parte da novela e é lógico que não vou perder.